Os saborosos (e brasileiros) quitutes
Em "À mesa com Monteiro Lobato" foram reproduzidas, ao todo, 64 receitas do caderno, que data de 1908. “Foi feita uma pesquisa do que frequentava a mesa de Monteiro Lobato. São receitas básicas, do dia-a-dia, com ingredientes mais pesados”, diz Márcia Camargos.
Entre as gostosuras caipiras estão farofa de torresmo, quiabo com carne, costela assada com banana, virado de feijão, bolinho caipira, marmelada, bolão de fubá e pé-de-moleque de rapadura. A última, um de seus doces prediletos. “Monteiro Lobato colocava pedaços no bolso para comer durante o dia”, conta a pesquisadora.
As receitas refletem, mais do que a defesa da cultura gastronômica brasileira, a realidade culinária da época, restrita aos alimentos produzidos na região – as receitas do livro são as típicas do Vale do Paraíba, região onde o escritor nasceu. “São predominantes carnes de vaca e porco. Só há uma receita de peixe”, diz. E ainda tem espaço para exóticas: como o içá, “chamada de caviar do Vale do Paraíba”.
Nas histórias, viagens pela gastronomia mundial
Na ficção, Monteiro Lobato, além de celebrar pratos típicos – como esquecer os clássicos bolinhos de chuva de Tia Nastácia -, ele leva as crianças além das fronteiras gastronômicas. “Na literatura infantil ele faz um passeio na gastronomia mundial. Em ‘Geografia de Dona Benta', faz as crianças e tia Nastácia experimentarem sorvetes e brotos de bambu”. Alimentos pouco acessíveis na época, conta. “Ele fazia nos livros uma confluência de culturas”.
Crítica ao menosprezo da cultura nacional
Quanto à gastronomia do final do século XIX, o escritor atacava uma elite que menosprezava as origens brasileiras. “Monteiro Lobato criticava a hipocrisia de batizar com nomes franceses pratos com ingredientes nacionais”, afirma Márcia.
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